'Azul, a cor da esperança; esperança esta extraviada por inúmeras atitudes humanas. Será que vale a pena acreditar? É benéfico para a saúde mental e biológica esperar algo bom das pessoas, dos acontecimentos? Questionamentos retóricos, sem resposta. Ou, talvez, possam até existir algumas, mas de foro íntimo, as quais não podem ser submetidas a julgamentos de CORRETAS ou INCORRETAS, pois são meros juízos de valores individuais. Afinal, não há um consenso social objetivo a respeito do melhor modo de se viver, há? Creio que não, cada um, a partir de seus valores, vive do jeito que melhor entender.
Longe de mim querer ser melhor do que alguém, considerar-me superior. É ignorante aquele que se acha o mais inteligente, o poço de cultura. O saber é infinito; nosso aprendizado e, consequentemente, nosso conhecimento, é proporcional ao nosso nível de questionamentos e desconhecimentos que nos impulsiona à busca de respostas. A vida ensina, a sociedade nos dá fortes tapas na cara, mas, uma hora ou outra, acabamos chegando a essa conclusão. Achar-se superior ao próximo não nos leva a lugar algum. Interessante notar, também, que aqueles que propagam tal superioridade são, muitas vezes, muito inseguros de si próprios, não conseguem lidar com seus próprios medos e angústias. Por isso, escondem-se nessas máscaras de intelectuais, visando gritar ao mundo "o quanto são bons". Paradoxo psicológico curioso.
Os fatos da vida, muitas vezes, induzem-nos à frieza, pois quanto mais frio somos, mais fortes nos tornamos por alguma situação difícil que vivenciamos. Não é fácil presenciar a injustiça, ver, bem a sua frente, pessoas que você ama ou possui enorme respeito e admiração passarem por momentos ruins, tendo seus trabalhos ameaçados. Seres humanos dignos, desrespeitados e colocados em risco, em decorrência do vandalismo nojento por parte de alguns vagabundos e desumanos, ou da ambição ao poder, à riqueza e à influência de outros. Os homens se sobrepõem a valores humanos, tornam seus iguais meros meios para atingirem seus fins, coisificando-os. A partir dessa premissa, fica claro que desrespeitam o imperativo categórico de Kant a respeito da dignidade da pessoa humana, do qual muitos deles não possuem mero conhecimento, talvez por falta de interesse ou oportunidade de estudo, tendo em vista a bela desigualdade social existente em nosso querido país. Mas esse ponto não vem ao caso aqui.
O que enoja e causa asco, realmente, é ver a injustiça. É ter sua liberdade de expressão oprimida, seja por atos rígidos e ditatoriais ou por violação à sua vida pessoal. Tanto quem lhe assalta, como quem lhe impõe um regime de exceção, retirando seus direitos, viola sua liberdade, pois lhe impossibilita exercer o contraditório, protestar perante os atos ou ideias com os quais não concorda.
Também não é fácil quando temos que ouvir, sem revidar, algumas verdades em decorrência de algum erro cometido, assumindo nossas responsabilidades para com ele. No entanto, apesar de tais palavras pesarem em nossas consciências, como verdadeiras imposições e castigos morais, com os quais não podemos lutar, desde que nos assegurado o direito de resposta, de defesa, a injustiça não se verifica, pois, apesar do erro cometido - somos humanos -, temos DIREITO a nos expressar, a expor nossos pontos de vista e fundamentos de foro íntimo. Afinal de contas, há atos que não podem ser objetivamente provados, apenas proporcionam resultados por convencimento. Há quem possa afirmar que agi com dolo em alguma atitude, ou seja, com livre vontade e consciência dirigida para um fim de arriscar uma vida? Com certeza não. E é exatamente por isso que meu direito de expressão e persuasão não podem ser suprimidos, em nome da igualdade entre os homens. Todos devem se expressar, assegurar sua defesa. Quem quer lhe calar, obviamente, não está regido de boas intenções para com você ou seu núcleo social.
A vida é um longo aprendizado e, quanto mais vivemos, mais amadurecemos. Todos ainda temos muito a aprender. Reforçando a colocação já referida, infelizmente, ou talvez não, dependendo do ponto de vista, acabamos ficando mais frios em decorrência de tantos acontecimentos, a ponto de cogitarmos, inclusive, afastarmo-nos das pessoas, manter uma vida individualista e auto-suficiente. Egoísmo? Orgulho ferido? Medo? Angústia? Auto-proteção? Prisão ao passado? Novamente, perguntas retóricas. Nem eu mesma as sei responder, afinal, somos verdadeiros universos e, o homem que acredita se compreender por completo, é um ignorante, no bom sentido da palavra, que ainda tem muito a conhecer de si próprio.
Escrever sempre foi, para mim, sinônimo de segurança e proteção. Além de clarear nossas ideias, transmite-nos uma sensação de clareza e objetividade, de desabafo. A escrita sempre me ajudou a chegar onde cheguei, ultrapassar grandes barreiras, e é reconfortante saber que, como meu futuro instrumento de trabalho, é minha grande aliada.
O mundo das palavras também é um universo, suas conjunções podem gerar inúmeros significados diferentes, dependendo das mensagens que desejamos transmitir. Vocábulos soltos podem nada significar, mas, ao serem colocados um um texto ou em uma mera frase, podem permitir que castelos sejam construídos, ou que grandes bases sólidas sejam destruídas: a estabilidade de muitos pode ser retirada ou o futuro de outros pode estar em risco. E, dessa forma, as expectativas boas que criamos acabam não se realizando do modo como planejado.
Frente a esse cenário, ainda vale a pena ter esperança? Um pouco pessimista demais, talvez não esperar nada seja a melhor alternativa, nem o bom nem o ruim. Simplesmente não criar expectativas. O que, de um modo ou de outro, acaba produzindo o mesmo resultado: a frustração nossa de cada dia.'
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